O advogado 4.0 deve enxergar a tecnologia como oportunidade (e não como ameaça)

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Estamos vivendo uma época de mudanças aceleradas. As novas tecnologias estão transformando o mercado de trabalho em diversos setores, como turismo (AirBnb), transporte pessoal (Uber) e entretenimento (Netflix). Enquanto o mundo não para de acelerar, o Direito tenta acompanhar o inquietante e exponencial ritmo social. Mas o advogado 4.0 não precisa seguir o mesmo ritmo.

O fato é que o tempo do Direito jamais acompanhou o tempo social. Ambos sempre correram em velocidades diferentes. Aliás, muitos já tentaram explicar por que as coisas são assim. Há quem diga que o Direito nunca conseguiu acompanhar os avanços sociais porque os advogados são avessos à inovação. Para alguns, o conservadorismo da classe historicamente rejeitou as mudanças ao status quo.

Mas há quem esteja convencido de que nunca a profissão da advocacia esteve tão à prova como hoje. Ou seja, nenhum(a) advogado(a), de nenhuma época anterior, foi tão desafiado(a) como agora, no contexto da Revolução 4.0. Muitos especialistas acreditam que, na velocidade com que o mundo avança, as práticas do passado não terão mais serventia no mercado jurídico do futuro.

Todo(a) advogado(a) que deseja se preparar para o amanhã deve desenvolver novas mentalidades, como compreender o crescimento exponencial e enxergar o mundo como algo abundante. Todo jurista 4.0 deve aprender novas habilidades, como comunicação eficaz e conhecimento de Visual Law. Em suma, todo profissional da advocacia deve reunir um conjunto de características.

O advogado 4.0 e as novas tecnologias

O Direito não voltará a ser analógico como foi no passado. A constatação está exigindo dos profissionais novas características para se adequar à nova realidade. Ao que tudo indica, as novas tecnologias no mundo jurídico vieram para ficar. Sendo assim, enxergar a tecnologia como oportunidade (e não como ameaça) é, a meu ver, uma das caraterísticas fundamentais do advogado 4.0.

Em síntese, algumas razões justificam este novo olhar do profissional da advocacia:

1. Aumentar a eficiência

A primeira delas é a eficiência. Na prática, os advogados gastam um terço (às vezes, até mesmo um quarto) de seu tempo pesquisando informações para melhorar a qualidade técnica do trabalho. A pesquisa compreende tanto os entendimentos jurisprudenciais (casos paradigmas e aplicáveis à demanda do cliente) quanto e artigos doutrinários para aprimorar a argumentação jurídica.

Soluções tecnológicas de inteligência artificial e jurimetria já existem hoje no País, sendo oferecidas por lawtechs legaltechs. Com elas, o advogado otimiza tempo precioso na pesquisa de jurisprudência e acessar prognósticos mais acurados do que obteria por meio da consulta manual. Além de aumentar a eficiência do trabalho, o advogado tem em mãos um diferencial competitivo.

2. Reduzir custos

A segunda razão para enxergar a tecnologia como oportunidade é a economia de custos. Hoje, existem softwares capazes de gerenciar o fluxo de trabalho, gerenciar correspondentes, provisionar os custos processuais e diminuir o ruído da comunicação entre profissionais do mesmo escritório. Todas essas atividades envolvem custos, que podem ser reduzidos por meio da tecnologia.

Soluções tecnológicas oferecidas em solo nacional estão ajudando os profissionais a diminuir os custos de atividades rotineiras e repetitivas. Ao usar a tecnologia para tais finalidades, os advogados economizam tempo e dinheiro. Como consequência, conseguem se dedicar aos aspectos mais importantes da profissão, desenvolvendo o potencial criativo para a criação de novos produtos ou serviços.

3. Melhorar a experiência do cliente

A experiência do cliente é a terceira razão para enxergar a tecnologia como oportunidade. Os clientes estão cada vez mais exigentes, como decorrência daquilo que o professor Richard Susskind denomina “desafio do mais por menos”. Só para ilustrar: as demandas por serviços de maior qualidade e com custos menores exigirão dos profissionais respostas convincentes ao “novo” mercado.

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Aliás, a satisfação do cliente deve ser a prioridade dos profissionais do futuro. Embora o ato de escutar jamais venha a ser substituído pelas máquinas, ferramentas automatizadas contribuem para melhorar a experiência do cliente. Chatbots fornecem orientações importantes aos clientes que chegam ao escritório através da Internet. Além disso, questionários online ajudam a criar contratos sob medida.

O advogado 4.0 deve enxergar a tecnologia como oportunidade

A advocacia está inserida na Quarta Revolução Industrial. O mercado jurídico está sofrendo mudanças, e a transformação digital é irreversível. Ainda que o “lugar ao sol” não esteja garantido para ninguém, parece inegável que advogados capazes de enxergar a tecnologia como oportunidade (e não como ameaça) potencializam suas chances de ser bem sucedidos no mercado jurídico do futuro.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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