4 motivos para usar Visual Law em petições

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O excesso de processos judiciais (78,7 milhões em tramitação somente em 2018), somado à falta de tempo dos magistrados para analisar todos os casos levados ao Poder Judiciário (são cerca de 21 mil juízes no País), têm levado os advogados a adotar novas técnicas de peticionamento, que vão desde redações mais claras e objetivas, até a aplicação de recursos visuais (Visual Law em petições).

Conversando com alguns advogados, percebo que a maioria entende conveniente escrever menos nas peças processuais, mas não se sente confortável em adotar elementos visuais nas petições. Os motivos são os mais variados e envolvem desde não saber como elaborar fluxogramas e infográficos, por exemplo, até supor que os recursos visuais mais confundem do que convencem os magistrados.

4 motivos para usar Visual Law em petições

Apesar da resistência, estudos demonstram que adotar elementos visuais em textos e apresentações contribui para a compreensão e retenção do conteúdo apresentado, além de aumentar a credibilidade e as chances de persuasão dos espectadores. Sendo assim, compartilho hoje quatro importantes estudos para que demonstrar que o Visual Law tem potencial de revolucionar o peticionamento em juízo.

Vamos, então, a eles:

1. Os seres humanos têm uma capacidade notável de lembrar imagens

As pessoas são capazes de lembrar, durante um período de até três dias, mais de 2.000 fotos com ao menos 90% de precisão. É o que revelou um estudo conduzido pelos pesquisadores Lionel Standing, Jerry Conezio e Ralph Norman Haber, em 1970. De acordo com a pesquisa, publicada na revista estadunidense Psychonomic Science, os seres humanos têm uma vasta memória de imagens.

O experimento funcionou da seguinte forma: os pesquisadores apresentaram 2.560 estímulos fotográficos a um grupo de pessoas. Após, pediram a eles para escolher entre duas alternativas (uma imagem do catálogo e outra não) e indicar quais já tinham sido vistas. Os participantes foram capazes de lembrar de mais 2.000 imagens, mesmo quando decorridos três dias entre o aprendizado e o teste.

  • Enfim, clique AQUI para ler a íntegra do estudo (em inglês).

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2. Apresentações com recursos visuais são até 43% mais persuasivas

Em junho de 1986, um grupo de pesquisadores da Universidade Minnesota (EUA) demonstrou que apresentações com recursos visuais são até 43% mais persuasivas do que apresentações sem recursos visuais. Para realizar o estudo, os pesquisadores examinaram vários formatos de suporte visual, dentre eles cor versus preto e branco e texto simples versus texto com fotos e gráficos.

Em síntese, o estudo concluiu que (a) as apresentações que utilizam recursos visuais são 43% mais persuasivas do que apresentações que não adotam recursos visuais; que (b) a capacidade de atenção, compreensão e retenção dos espectadores é aprimorada quando a apresentação utiliza suporte visual; e que (c) a apresentação em cores é mais convincente do que a apresentação em preto em branco.

  • Enfim, clique AQUI para ler a íntegra do estudo (em inglês).

3. Textos com imagens geram mais credibilidade

Se você incorporar imagens de exames cerebrais em artigos, o potencial de convencer os leitores é ainda maior. Um estudo demonstrou que textos científicos acompanhados de ressonâncias magnéticas são mais persuasivos do que quando não acompanhados de figuras. Portanto, as imagens de exames oferecem maior credibilidade ao conteúdo apresentado em texto, seja para leigos, seja para cientistas.

Os participantes do experimento tiveram de ler artigos fictícios que apresentavam dados, também fictícios, de pesquisas em neurociências. Os artigos acompanhados de imagens de exame cerebrais foram vistos como mais críveis do que aqueles não acompanhados de imagens. Desse modo, o uso de figuras influenciou não só a compreensão, mas como a própria credibilidade da pesquisa (fictícia) apresentada.

  • Enfim, clique AQUI para ler a íntegra deste outro estudo (em inglês).

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4. Documentos com símbolos são até 95% mais compreendidos

Um estudo conduzido na Rhodes University, na África do Sul, concluiu que a presença de pictogramas (símbolos que representa um objeto ou conceito por meio de desenhos figurativos) em rótulos de medicamentos contribui positivamente para a compreensão das instruções e a adesão. Conforme a pesquisa, etiquetas que incorporam pictogramas são melhor compreendidas pelos usuários.

Durante o estudo, 41 participantes receberam rótulos apenas com texto (grupo de controle) enquanto 46 com texto e pictogramas (grupo experimental). Os pesquisadores visitaram os participantes após 3-5 dias para avaliar a compreensão das instruções dos medicamentos. As porcentagens médias de compreensão no grupo de controle foi de 70%. Já no grupo experimental, foi bem maior: 95%.

  • Enfim, clique AQUI para ler a íntegra do estudo (em inglês).

Então, por que não usar Visual Law em petições?

Quem acompanha meus textos provavelmente já percebeu que todo conteúdo é produzido para ajudar o leitor a se preparar para o mercado jurídico do futuro. Neste post em especial, o objetivo é demonstrar, com base em estudos e pesquisas, que os elementos visuais têm imenso potencial de melhorar as petições elaboradas pelos advogados e, com isso, aprimorar a comunicação com os magistrados.

As palavras são poderosos instrumentos de comunicação. Mas, quando combinadas às imagens, são ainda mais capazes de nos ajudar a pensar, lembrar, sentir, entender e dar sentido às coisas. Não há, portanto, como subestimar o poder dos elementos visuais. As técnicas de Visual Law estão à disposição dos profissionais da advocacia. E seus early adopters já estão colhendo os primeiros resultados.


P.S. 1 – Alguns artigos sugerem que apresentações com recursos visuais são até 67% mais persuasivas do que apresentações sem recursos visuais. Este dado teria sido revelado a partir de um estudo da Wharton School of Business. Contudo, após muitas buscas na Internet, não encontrei o estudo. O que pude perceber é que muitos artigos indicam o estudo da Wharton sempre em conjunto com um site formulado pelo NeoMam Studios. Ao acessar o site da NeoMam Studios, verifiquei que não há qualquer indicação da fonte. Pesquisando ainda mais na Internet, constatei que o nome do estudo seria, a princípio, “Effectiveness of Visual Language Presentations”. No entanto, não encontrei qualquer trecho do estudo na Internet, nem mesmo um abstract. Por esses motivos, decidi não referenciar neste texto o estudo conduzido, em tese, pela Wharton School of Business.

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P.S. 2 – Outros artigos na Internet sugerem que 65% das pessoas são aprendizes visuais (visual learners). Duas são as fontes indicadas neste artigo. A primeira fonte é um estudo desenvolvido por Richard Felder. Embora tenha encontrado alguns materiais escritos pelo pesquisador, não há qualquer menção à estatística apresentada. A segunda fonte é um artigo de William C. Bradford, que menciona o mesmo número (65%). Contudo, o pesquisador não aponta de onde tirou a estatística. Por esses razões, optei por não referenciar esses estudos/pesquisas.

P.S. 3 – Se algum(a) leitor(a) tiver acesso aos estudos para compartilhar comigo, terei prazer em complementar este texto no futuro.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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