Os advogados algum dia deixarão de existir?
Qualquer pessoa que pesquisar sobre o futuro das profissões encontrará, em poucos minutos, alguma notícia anunciando que os robôs roubarão nossos empregos no futuro. Uma capa da revista alemã Der Spiegel (1964), recentemente veiculada na Internet, demonstra que previsões como essa existem há, pelo menos, cinco décadas. Sempre houve muita histeria em torno da inteligência artificial.
O crescimento exponencial da tecnologia tem levado muitos profissionais da advocacia a acreditar que seus dias na profissão estão contados. Tenho conversado com advogados em início de carreira e com mais experientes, de modo a entender o que pensam sobre a inteligência artificial. Muitos enxergam a tecnologia com reservas e temem não ser capazes de acompanhar seus avanços.
Os advogados estão mesmo com os dias contados?
Para animar esses profissionais, compartilho hoje a opinião de Andrew Arruda, CEO da ROSS Intelligence. Andrew não apenas foi o responsável por desenvolver o primeiro advogado artificialmente inteligente do mundo (ROSS), criado a partir do computador cognitivo Watson (IBM), como também figurou entre os 30 jovens mais inovadores do mundo na edição 30 under 30, da revista Forbes.
Para Andrew Arruda, os advogados jamais deixarão de existir. Ele reconhece que algumas profissões, como caminhoneiros, talvez não mais existam no futuro. Mas ele não acredita que o mesmo destino esteja reservado para os advogados. Para o especialista, a inteligência artificial tem potencial de criar mais trabalho para esses profissionais, além de melhorar o acesso à justiça em todo mundo.
Os impactos da inteligência artificial no setor jurídico
Os advogados já estão utilizando a inteligência artificial (IA) para melhorar a maneira como trabalham. Mas, conforme Arruda, a IA ainda está em sua adolescência e ainda não atingiu a plena maturidade. Conforme ele, a tecnologia deve apresentar o seu verdadeiro potencial nos próximos anos, quando advogados e escritórios finalmente começarão a ser efetivamente eficientes e produtivos.
De acordo com o CEO da ROSS Intelligence, o trabalho dos advogados será transformado radicalmente até 2029. Os profissionais delegarão cada vez mais trabalhos rotineiros para sistemas de IA, como pesquisa de jurisprudência e organização de contratos, para se concentrar em atividades estratégicas. Em suma, a mudança resultará em serviços jurídicos melhores e mais acessíveis.
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Por que as máquinas não irão substituir os advogados?
Andrew Arruda está convencido de que as máquinas jamais substituirão os advogados, por duas razões essenciais.
Em primeiro lugar, porque os sistemas de IA não automatizam o trabalho dos profissionais; eles automatizam tarefas específicas que os advogados realizam, permitindo que sejam mais produtivos. Quando a pesquisa automatizada surgiu, ela não eliminou os advogados; apenas permitiu que os profissionais oferecessem conselhos mais profundos e significativos aos seus clientes.
Em segundo lugar, porque há uma demanda por serviços jurídicos que não está sendo não atendida. Nos EUA, 80% da população não tem condições de arcar com serviços jurídicos, embora deles necessitem. Arruda enxerga o cenário como oportunidade. Para ele, advogados podem criar produtos jurídicos acessíveis para atender todas essas pessoas e conquistar seu espaço no mercado.
Inteligência aumentada
Enfim, arruda acredita em uma “relação simbiótica” entre humanos e máquinas. Conforme ele, a IA oferecerá muitas melhorias no ambiente de trabalho dos advogados, mas será incapaz de automatizar trabalhos inteiros. Portanto, os advogados continuarão sendo necessários. Para Arruda, no futuro humanos e máquinas trabalharão juntos para realizar mais do que nunca antes possível.
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BORIS, Mikkel. Can artificial intelligence bring real justice? Legal Tech Weekly, Copenhagen, 18 set 2019.
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