Advogados não são abertos à mudança, revela especialista em psicologia comportamental

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Larry Richard é considerado um dos maiores especialistas do mundo em psicologia comportamental. O reconhecimento não é à toa: Richard vem se dedicando há mais de 30 anos a entender os traços da personalidade dos advogados. O especialista reuniu dados de milhares de profissionais durante o período, e hoje se dedica exclusivamente a ajudar escritórios de advocacia a obterem sucesso no mercado jurídico.

Os advogados não são abertos à mudança

Os resultados das pesquisa de Larry Richard revelam que os advogados não são abertos à mudança. Os traços típicos da personalidade desses profissionais os tornam menos propensos a experimentar coisas novas. Conforme o especialista, os advogados são profissionais altamente céticos e tendem a ser avessos aos riscos. Eles normalmente se concentram mais naquilo que pode(ria) dar errado no que pode(ria) dar certo.

O trabalho dos advogados envolve minimizar os riscos. A atividade compreende garantir a conformidade dos casos judiciais aos dispositivos legais e/ou aos entendimentos jurisprudenciais. Como o foco é reduzir os riscos dos clientes (e de seus negócios), muitos profissionais acabam se fechando para o novo. Conforme Richard, o ceticismo inerente à personalidade dos advogados os impede de aproveitar novas oportunidades.

Os advogados procuram continuamente as maneiras pelas quais as coisas podem dar errado para proteger seus clientes. O foco é reduzir riscos e não criar ou desenvolver oportunidades. – Larry Richard

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Os advogados devem arriscar mais

O problema, segundo Richard, é que o mercado jurídico está exigindo um comportamento diametralmente oposto ao adotado pela maioria dos profissionais. O risco e a incerteza são partes necessárias da equação do “novo mundo”. De acordo com ele, os advogados devem mudar para triunfar no mercado. E a mudança inicia com a internalização de novos pensamentos. Em suma, uma nova programação mental (mindset).

Richard lembra que, por muitos anos, os especialistas acreditaram que sentimentos e pensamentos eram opostos. Estudos recentes demonstraram, no entanto, que a maneira como pensamos influencia diretamente a maneira como nos sentimos (os sentimentos passam a produzir mudanças em nosso corpo tanto em nível químico quanto celular). Sendo assim, quando mudamos nossos pensamentos, mudamos nossos sentimentos.

Para o especialista em psicologia comportamental, os profissionais devem pensar de forma diversa da atual. Richard reconhece que a maioria dos advogados precisa de um modelo ou um exemplo para mudar a maneira de pensar. Alguns precisam enxergar cases de sucesso ou pessoas que ousaram desafiar os padrões. Escolher um(a) líder, aproximar-se dele(a) e aprender com quem está inovando é um passo importante na transição.

Mas de que novas mentalidades estamos falando?

De acordo com Richard, aprender a arriscar e aceitar a possibilidade real de fracassar são duas mentalidades para os advogados do futuro. Para assumir a liderança, os advogados devem arriscar e “iterar”: errar, errar, errar, mas aprender com os erros para não errar novamente. Conforme o especialista, essa iteração é essencial para que os profissionais da advocacia se mantenham competitivos em um mercado cada vez mais concorrido.

Enfim, a lição que Larry Richard deixa é: em um mundo cada vez mais veloz, volátil e incerto, nunca haverá informações ou dados suficientes para embasar todas as decisões que os advogados precisam tomar. Portanto, advogado(a), aprenda a arriscar. Arrisque mais. Saiba fracassar. Mas fracasse cedo, para aprender com os primeiros erros, e não fracassar mais. Com isso, você estará mais próximo de ser bem-sucedido no futuro.


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JANOVE, Jathan. Can risk-averse lawyers learn to embrace change? An interview with Dr. Larry Richard. Ogletree Deakins, Georgia, 12 jan 2016.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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