Ativistas desenvolvem tecnologias para reconhecer policiais que escondem suas identidades

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Um número crescente de ativistas ao redor do mundo tem investido no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial capazes de reconhecer policiais que escondem suas identidades, em especial durante manifestações. O verdadeiro desafio, no entanto, é encontrar imagens suficientes dos agentes de polícia para treinar os algoritmos.

Policiais escondem suas identidades em protestos e manifestações

Muitos policiais cobrem o rosto, no todo ou em parte, durante protestos, como forma de evitar a responsabilização (cível e criminal) por eventuais excessos praticados contra os manifestantes. Com relativa frequência, agentes de polícia ao redor do mundo também removem seus crachás de identificação, para que não sejam reconhecidos pelo público.

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Muitos policiais cobrem o rosto, no todo ou em parte, durante protestos

Ativistas como Christopher Howell estão criando ferramentas para reconhecer policiais que escondem suas identidades. Howell, aliás, está envolvido no desenvolvimento de reconhecimento facial para ser usado em agentes de polícia em Portland. Os policiais da maior cidade do estado do Oregon (EUA) não estão mais se identificando para o público:

Há muita força excessiva aqui em Portland. [Precisamos] saber quem são os oficiais. – Christopher Howell

Há alguns anos, enquanto participava de um protesto, Howell teve seus olhos cobertos de gás lacrimogêneo. O policial que utilizou a substância havia coberto o rosto e escondido seu crachá de identificação. Desde que o episódio ocorreu, Howell começou a pesquisar como construir uma ferramenta para reconhecer policiais em tais situações.

Ativistas apostam em reconhecimento facial

Criar ferramentas para identificar os policiais não é, contudo, tarefa simples. O desafio é encontrar imagens suficientes dos agentes de polícia locais para treinar os algoritmos. Iniciativas como a do artista Paolo Cirio, que reuniu milhares de fotos de policiais franceses numa exposição, serão essenciais para o desenvolvimento de tais ferramentas.

Cirio reuniu rostos de policiais durante a exposição “Capture”

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Mesmo tendo sido advertido pelo governo francês, Paolo prosseguiu com a exposição. Em síntese, “Capture” reuniu rostos de milhares de policiais que participaram de recentes protestos no país. O artista, que não aceita ser censurado, acredita que a iniciativa é o primeiro passo no desenvolvimento de um aplicativo de reconhecimento facial:

É infantil tentar me impedir, como um artista que está tentando levantar o problema, em vez de abordar o problema em si. – Paolo Cirio

Somada às iniciativas, o bielorrusso Andrew Maximov está produzindo um software para reconhecer policiais que escondem suas identidades. O programador divulgou, aliás, um vídeo no qual apresenta o potencial da tecnologia. Embora ainda em desenvolvimento, a ferramenta já é capaz de reconhecer policiais mesmo usando balaclavas:


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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