A animação forense, que hoje vem ganhando espaço entre os advogados brasileiros, não é exatamente uma tecnologia nova. As primeiras aplicações desse recurso nos tribunais remontam à década de 80, durante o julgamento do caso do acidente do Voo Delta Air Lines 191, que resultou na morte de 134 passageiros, nos Estados Unidos (EUA).
Como ocorreu o acidente
Na tarde de 2 de agosto de 1985, a aeronave Lockheed L-1011 TriStar, que se deslocava de Fort Lauderdale a Los Angeles, encontrou-se com um fenômeno atmosférico conhecido como microburst, caracterizado por correntes de ventos muito fortes que saem de dentro de uma nuvem e descem rapidamente para a superfície terrestre.
Às vésperas de pousar no aeroporto de Dallas/Fort Worth, onde faria escala, o avião chocou-se contra o solo e colidiu com dois tanques de água. Um carro foi atingido no caminho, e o motorista morreu. Em relação à aeronave, em suma, boa parte se desintegrou no impacto e o restante pegou fogo. Só para ilustrar, eis a foto dos destroços dos avião:

É provável que você goste:
Advogado utiliza animação 3D para absolver seu cliente
Batalha judicial milionária
Ao investigar o caso, o National Transportation Safety Board (NTSB) entendeu que o acidente ocorreu por erro do piloto, que não soube identificar corretamente as informações meteorológicas. Alguns discordaram do diagnóstico, afirmando que as agências responsáveis negligenciaram informações à tripulação do voo sobre as condições climáticas adversas.
Os familiares das vítimas moveram ações contra a Federal Aviation Administration (FAA) e National Weather Service (NWS). Diante da perda da aeronave e das 134 vidas, iniciou-se uma batalha judicial para decidir quem deveria pagar a indenização, estimada em US$ 200 milhões de dólares, e que contou com a atuação do Department of Justice (DOJ).
Animação forense no julgamento
Um dos episódios marcantes do caso foi o uso de animação computadorizada durante o julgamento. Os procuradores do DOJ sabiam que era necessário explicar fatos complexos e questões técnicas aos jurados, mas não queriam sobrecarregá-los. Daí surgiu, em resumo, a decisão de encomendar uma animação forense para ilustrar o acidente aéreo.
Na época, as animações custavam caro e exigiam equipamentos muito avançados. Uma das empresas que se destacavam no segmento era a Z-Axis. Contratada pelo DOJ, empresa produziu uma animação para representar precisamente os dados do sistema de registro de voz e dados do voo (caixa-preta). O resultado, aliás, você confere no vídeo a seguir:
Em artigo publicado em 2014, relatando mais detalhes sobre o caso do acidente do Voo Delta Air Lines 191, Stuart Gold, especializado na indústria de multimídia forense, destacou que a animação 3D foi fundamental para que o governo dos EUA fosse vitorioso. De acordo com o especialista, “o mundo jurídico não foi o mesmo desde então.”
A tecnologia evoluiu muito desde a década de 80, aumentando o desempenho das animações forenses. Hoje, os profissionais usam softwares especializados para realizar o processo de modelagem 3D. Além disso, técnicas de fotogrametria e nuvem de pontos contribuem para aprimorar cada vez mais a qualidade das representações gráficas.
Será a nova era da comunicação jurídica?
Enfim, quer estar por dentro de tudo que envolve Direito, inovação e novas tecnologias?
Siga-me, então, no Facebook, Instagram e LinkedIn e acompanhe conteúdos diários para se manter atualizado.