Como será o ensino jurídico no pós-pandemia?

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Você já se perguntou como será o ensino jurídico no pós-pandemia?

Exploro o questionamento no texto de hoje.

O futurista estadunidense Thomas Frey é conhecido por suas previsões ousadas sobre o amanhã. Um de seus recentes prognósticos foi relacionado ao futuro da educação. Na ocasião, o futurista sustentou que na próxima década teremos algoritmos inteligentes o bastante para personalizar os planos de aula dos alunos, de acordo com as necessidades de cada um.

A educação mudará para sempre

Embora a previsão tenha sido divulgada antes do cenário de pandemia que estamos vivendo, Frey mantém suas convicções sobre o ensino personalizado. Em recente entrevista, aliás, o futurista analisou a crise decorrente do COVID-19 e prognosticou como será o ensino no pós-pandemia. Para ele, a experiência de estudo em casa mudará a educação para sempre:

Praticamente todos os pais e filhos no mundo experimentaram o que é a educação em casa e muitos não querem voltar para as mesmas escolas administradas pelo governo. Isso, combinado com a tecnologia emergente que tornará a educação muito mais individualizada, traz a “tempestade perfeita” para que a educação seja transformada. – Thomas Frey

Ciclo de vida de adoção de tecnologia

Especialistas costumam ilustrar as taxas de adoção da tecnologia através do technology adoption lifecycle (ciclo de vida de adoção de tecnologia, em tradução livre). O modelo sociológico, bastante conhecido, descreve a adoção ou aceitação de um novo produto ou inovação conforme as características democráticas e psicológicas de grupos definidos:

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Thomas Frey destaca, no entanto, que as curvas do ciclo de vida de adoção de tecnologia foram agora substituídas por uma linha vertical reta. Com a pandemia, todas as pessoas do mundo estão sendo forçadas a trabalhar e estudar em casa, tendo de aprender a lidar com ferramentas e aplicativos para se tornarem funcionais e sobreviverem no mercado.

O que muda no ensino jurídico?

Ainda que a pandemia cesse nos próximos meses, seus efeitos serão experimentados por muito tempo. O COVID-19 deixará cicatrizes profundas no tecido social e empresarial. Em muitos setores da indústria, como turismo e transporte aéreo, a recuperação levará décadas. Como consequência, a forma de preparar as pessoas para o futuro também mudará.

A educação como um todo será transformada no pós-pandemia. Os professores deverão ensinar os alunos a lidar com ferramentas tecnológicas para sobreviver no mercado. No campo do Direito, além de um ensino cada vez mais personalizado, os estudantes deverão aprender novas metodologias para sobreviver neste “novo mercado jurídico”.

Novamente: ainda que a pandemia cesse, seus efeitos continuarão. Os currículos dos cursos de Direito deverão se adequar à realidade. Se, antes, apenas algumas universidades no mundo apostavam em disciplinas como inteligência artificial, blockchain e empreendedorismo jurídico; agora, todas elas deverão investir na “fluência tecnológica” de seus alunos.

Enfim, ainda estamos todos entorpecidos com a situação atual. Muitas faculdades ao redor do mundo estão esperando mais tempo antes de tomarem decisões mais enérgicas. Mas, da forma como o quadro está emoldurado, todas elas deverão reorganizar suas estruturas curriculares para atender às necessidades do mercado jurídico pós-pandemia.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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