Compreender o crescimento exponencial é um passo importante para o advogado 4.0

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O cérebro humano foi equipado para compreender um mundo bem mais lento que o atual. Nós, seres humanos, fomos ensinados a pensar de forma local e linear, com base nos comportamentos de nossos ancestrais. Mas hoje vivemos uma era exponencial. As novas tecnologias estão ditando o ritmo de nossas sociedades. O mundo atual é completamente daquele que nossos cérebros evoluíram para compreender.

O ritmo das mudanças é hiperacelerado. Só para ilustrar: enquanto o crescimento linear consiste na adição repetida de uma constante (1, 2, 3, 4, …), o crescimento exponencial é a multiplicação repetida de uma constante (1, 2, 4, 8, …). Parece simples, não? De fato, o crescimento exponencial é simples de ser compreendido. O problema é internalizá-lo e, sobretudo, enxergar o mundo a partir dessa nova perspectiva.

Por isso, analogias, exemplos, diagramas e ilustrações são sempre bem-vindos para compreender melhor o conceito. Com objetivo de auxiliar o leitor a entender o crescimento exponencial – e o poder da exponencialidade – hoje apresento a analogia da folha de papel. Tentarei ser o mais claro possível para ajudar você, leitor, a absorver o conceito. Caso eu não tenha êxito na missão, a responsabilidade é toda minha.

A analogia da folha de papel

Uma das formas mais didáticas de compreender o crescimento exponencial é por meio da analogia da folha de papel. A lição, ministrada pelo educador argentino Adrián Paenza e acessada por mais de 3 milhões de pessoas no TED-ED, vem sendo bastante divulgada em eventos de inovação, empreendedorismo e tecnologia. A preocupação em ensinar o conceito aos profissionais é, portanto, cada vez mais presente.

Imagine que você tenha, em suas mãos, uma folha de papel muito fina. Para saber mais preciso, suponha que essa folha tenha um milésimo de centímetro de espessura. Ou seja, 001 cm. Agora, dobre – mentalmente – essa folha ao meio. Quantas vezes você acredita ser capaz de dobrar essa folha? Quatro, cinco vezes? Suponha que você consiga dobrar 30 vezes, qual seria a espessura da folha de papel?

exponencial 01

Pense em uma resposta para a pergunta. Pensou? Vamos agora voltar à segunda dobra. Se você dobrar a folha de papel uma vez, ele ficará com 0,002 cm. Se você dobrar mais uma vez, a espessura passará a ser de 0,004 cm. Cada vez que você dobra a folha, ela duplica de espessura, correto? Sendo assim, se continuar a dobrar o papel ao meio, de novo e de novo, após 10 dobras você atingirá mais de 1 cm.

Imagine agora continuar dobrando o papel ao meio. O que acontecerá? É aqui que a exponencialidade começa a mostrar seu poder. Se você dobrar 17 vezes, você obterá uma torre de papel de 131 cm. Ou seja, mais de um metro! Se dobrar 25 vezes, o papel chegará a 33.554 cm. Só para ilustrar: isso são mais de 330 metros! A folha de papel ficaria tão alta quanto o Empire State Building, em Nova York, nos Estados Unidos.

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Por que o advogado 4.0 deve compreender o crescimento exponencial?

Se você dobrar a folha de papel ao meio 30 vezes, você chegará a uma espessura de 10.737 m. Em síntese, essa é aproximadamente a altura que os aviões comerciais voam. Mas não vamos parar por aí. Se você dobrar a folha de papel – aquela mesma do início – 40 vezes, você terá mais de 11.000 km. Isso é, mais ou menos, a medida em que os satélites permanecem em órbita. No mínimo, surpreendente, não?

Vamos além. Se pensarmos que a distância entre a Terra e a Lua é de 384.400 km, você poderá concluir ser possível atingir a superfície lunar com 45 dobras. Mais do que isso: se você dobrar a folha de papel 45 vezes, você passará de 400.000 km, ultrapassando, portanto, a distância entre a Terra e a Lua. As imagens a seguir ilustram o poder do crescimento exponencial – e tudo começa com uma simples folha de papel:

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O crescimento exponencial em uma folha de papel

A analogia revela como podemos ir longe dobrando uma folha de papel. À primeira vista, o crescimento exponencial parece relativamente simples. Mas, a cada duplicação, ele revela seu potencial. Em suma, esse é o poder do crescimento exponencial. Esse é o ritmo em que as novas tecnologias estão progredindo. As mesmas tecnologias, aliás, que já estão afetando o Direito e o trabalho dos profissionais da advocacia.

O advogado 4.0 deve ajustar suas expectativas lineares ao “novo mundo” do Direito. É claro que internalizar o crescimento exponencial – e, consequentemente, desenvolver uma “intuição exponencial” – não é algo simples. Enfim, não acontece da noite para o dia. Mas compreender o conceito é o primeiro passo para aproveitar as oportunidades proporcionadas pelas novas tecnologias, que, ao que tudo indica, vieram para ficar.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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