Recente pesquisa conduzida pelo Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV demonstrou que a maioria dos escritórios de advocacia brasileiros não está aproveitando o potencial das novas tecnologias. De acordo com o levantamento, intitulado O futuro das profissões jurídicas: você está preparad@?, a maior parte dos escritórios utiliza apenas softwares de gestão processual.
Escritórios de advocacia e as novas tecnologias
O estudo teve como objetivo avaliar o grau de inserção tecnológica dos escritórios de advocacia no Brasil. Para tanto, foi aplicado um questionário estruturado em representantes de 403 escritórios de advocacia, coletados em uma amostrada representativa do setor. Só para ilustrar: 109 foram sorteados a partir da lista de escritórios mais admirados da Revista Análise (edição de 2017).
Já os demais (294) foram sorteados a partir de uma lista elaborada especialmente para a pesquisa, contendo 6.675 escritórios de todas as regiões. Em resumo, foram entrevistados apenas escritórios com, pelo menos, três advogado(a)s na equipe. A pergunta a ser respondida foi esta: os escritórios de advocacia estão preparados para a advocacia baseada em tecnologia?
Com margem de erro de 5%, para mais ou para menos, considerando um intervalo de confiança de 95%, as conclusões foram os seguintes:
- Há desigualdades significativas no uso de tecnologia, geralmente explicadas pelo porte dos escritórios, medido em número de advogado(a)s atuantes;
- O uso mais disseminado de tecnologia contempla apenas ferramentas básicas de organização e cadastro de informações (softwares de gestão financeira e processual) e não ferramentas avançadas que auxiliem a própria atividade jurídica (softwares de geração automática de documentos);
- Há amplo espaço para implementação de ferramentas tecnológicas avançadas, diante dos indícios de alta repetitividade dos trabalhos, que se verificam na presença frequente do contencioso de massa entre as atividades dos escritórios e no uso disseminado de modelos;
- Em sua maior parte, os escritórios de advocacia não estão preparados para uma atuação baseada em tecnologias computacionais avançadas.
Muitos escritórios de advocacia não aproveitam o potencial das novas tecnologias
As conclusões sobre o comportamento dos escritórios contrastam com a percepção generalizada (identificada também na pesquisa) de que as novas tecnologias estão impactando a advocacia. Ainda que não se possa afirmar, com exatidão, os motivos que estão levando os escritórios a não aproveitar o potencial das soluções tecnológicas, duas são as possíveis explicações, que não são excludentes:
- Os escritórios não entendem a dimensão das mudanças que estão por vir, por desconhecer as tecnologias avançadas com capacidade de alterar significativamente o desempenho da atividade profissional;
- Os escritórios, apesar de reconhecerem as mudanças, entendem que não serão afetados, deixando de tomar providências a respeito.
O panorama de lawtechs e legatechs no País
Paralelamente aos resultados apresentados, o universo das lawtechs e legaltechs não para de crescer. Dados da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) revelam que o número de startups jurídicas aumentou em 300% entre os anos 2017 e 2019. O Brasil conta hoje com cerca de 150 iniciativas no setor, entre soluções de jurimetria, resolução de conflitos online e muito mais:
Quando interpretados conjuntamente, os dados do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV e da AB2L parecem indicar que estamos diante de um momento de transição. Enquanto muitos escritórios ainda estão resistindo às novas tecnologias, alguns (poucos) já estão incorporando as soluções tecnológicas em suas rotinas e colhendo as primeiras oportunidades do mercado jurídico.
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O crescimento do número de lawtechs e legaltechs (lembrando: 300% nos últimos dois anos) não é à toa. O mercado está procurando novas soluções para aprimorar seus serviços jurídicos. Já as startups estão suprindo as necessidades do mercado. Embora seja cedo para conclusões definitivas, ao que parece estamos no início de uma mudança na mentalidade dos profissionais da advocacia.
Estou cada vez mais convencido de que os advogados capazes de compreender que a tecnologia tem potencial de exponencializar seu conhecimento, elevar sua produtividade e aprimorar seus serviços serão bem sucedidos no mercado jurídico do futuro. Já aqueles que resistirem às inovações tecnológicas e às oportunidades delas decorrentes, correm o risco de enfrentar sérias dificuldades.
Enfim, cabe ao(à) advogado(a) enxergar o “novo mundo” do Direito como oportunidade ou como ameaça.
Aliás, clique AQUI para ler, na íntegra, o estudo O futuro das profissões jurídicas: você está preparad@?.
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