Homem passa 10 dias na prisão por erro em software de reconhecimento facial

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Um homem está processando o departamento de polícia e a promotoria de Woodbridge (Nova Jersey, EUA) por ter sido injustamente detido e preso em 2019, após um software de reconhecimento facial tê-lo vinculado equivocadamente a um crime. Nijeer Parks, negro e com 33 anos de idade, passou 10 dias na prisão por um crime que não cometeu.

Erro em software de reconhecimento facial

Em 2019, um homem praticou furto de alguns lanches num hotel em Woodbridge e, quando confrontado por policiais, apresentou uma carteira de habilitação do estado do Tennessee. Ao consultar o documento, os policiais verificaram, contudo, que a carteira era falsa. Em novo confronto, o homem suspeito fugiu do local e colidiu com o carro da polícia.

Após um funcionário do hotel confirmar que a foto da habilitação falsa era idêntica ao rosto do criminoso, os policiais enviaram o documento para agências de polícia estaduais. Durante a análise do documento, em suma, um dos softwares de reconhecimento facial utilizados pela polícia identificou Nijeer Parks como sendo o homem da fotografia.

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À esquerda, Nijeer Parks; à direita, o criminoso

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O detalhe é que Parks não dirigia, nem tinha habilitação, tampouco tinha pisado antes em Woodbridge. Ao tomar conhecimento de que havia um mandado de prisão emitido em seu desfavor, ele teve de pedir a um primo que o levasse a delegacia de polícia de Woodbridge. Os policiais algemaram e prenderam Parks momentos depois de chegar na delegacia.

De acordo com Parks,

Não acho que ele [o real criminoso] se pareça comigo. A única coisa que temos em comum é a barba. Eu não tinha ideia do que se tratava. Eu nunca tinha estado em Woodbridge antes, nem sabia ao certo onde era. – Nijeer Parks

Em novembro de 2019, o processo contra Parks acabou sendo arquivado por falta de provas. Desde então, aliás, vem lutando para limpar seu nome. Parks participou de entrevistas, tanto para compartilhar detalhes do caso quanto para criticar sistemas de reconhecimento facial. O objetivo, em suma, é que situações semelhantes não mais aconteçam.

Conforme ele,

Fui preso sem motivo. Eu vi isso acontecer com outras pessoas. Vi isso nas notícias. Eu simplesmente nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Foi uma provação muito assustadora. – Nijeer Parks

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Discriminação algorítmica

O caso de Parks põe em xeque a eficácia dos sistemas de reconhecimento facial e traz à tona o tema da discriminação algorítmica. Ele é a terceira pessoa presa por engano com base em correspondências incorretas oferecidas por sistemas de reconhecimento facial. Em todos os três casos, só para ilustrar, as pessoas erroneamente identificadas foram homens negros.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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