Inteligência artificial poderá reduzir índices de reincidência nos EUA

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Pesquisadores do Purdue University Polytechnic Institute estão apostando em sistemas de inteligência artificial (IA) para reduzir os índices de reincidência nos EUA. Apesar de bem-intencionada, a iniciativa vem sendo alvo de críticas, pois envolve monitorar os dados biológicos de egressos, além de obter acesso a fotos pessoais e dados de geolocalização.

Índices de reincidência nos EUA

Dados do Departamento de Justiça dos EUA revelam que mais de 80% das pessoas recolhidas em prisões estaduais foram presas pelo menos uma vez nos anos subsequentes à sua soltura. O levantamento, que analisou um intervalo de nove anos (2005-2014), constatou que quase metade dessas prisões ocorreu no primeiro ano após a libertação dos presos.

Com objetivo de reduzir os índices de reincidência, os pesquisadores da Purdue University Polytechnic Institute pretendem monitorar egressos dos sistema prisional. O projeto envolve treinar algoritmos de inteligência artificial para identificar padrões de comportamento dos ex-presidiários, para, então, antecipar quais deles tendem a cometer novos crimes.

Inteligência artificial e monitoramento

O projeto contará com a participação de 250 pessoas em liberdade condicional. Desse montante, 125 receberão smartphones e pulseiras biométricas para fornecer dados aos pesquisadores da Purdue University Polytechnic Institute. Já os 125 remanescentes serão observados de longe, para comparação posterior, sem vigilância ativa como no primeiro grupo.

Os smartphones do primeiro grupo fornecerão tanto dados de geolocalização quanto fotos retiradas pelos egressos. Já as pulseiras coletarão dados relativos à saúdes, como estresse e frequência cardíaca. Tudo será usado para identificar comportamentos de risco, situações estressantes e outros fatores que indiquem retorno a práticas criminosas.

O estudo será conduzido por pesquisadores do Purdue University Polytechnic Institute

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Críticas à iniciativa

Conforme o cientista da computação Marcus Rogers, a pesquisa busca identificar oportunidades de intervenção precoce para melhor ajudar os presos a se reintegrarem à sociedade. Embora bem-intencionada, a iniciativa vem sendo objeto de críticas por conta do cenário de vigilância extrema, em meio à difícil transição da prisão para a sociedade.

Outra crítica é direcionada à integridade dos dados. Isso porque o grupo monitorado, ao saber que os cientistas estarão monitorando todos os seus passos, provavelmente apresentarão seu melhor comportamento enquanto perdurar a pesquisa. Sendo assim, os dados apurados não necessariamente serão úteis para reduzir os índices de reincidência.

Ainda é cedo para conclusões, mas o cientista da computação envolvido na iniciativa, Marcus Rogers, garante que a pesquisa será fundamental para auxiliar egressos a não mais praticarem crimes:

Queremos desenvolver um sistema que permitirá que os assistentes sociais identifiquem mais rapidamente os indivíduos que parecem estar em um caminho que pode levar à reincidência. – Marcus Rogers


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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