Como Israel está se tornando um centro de inovação em tecnologia jurídica

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Israel vem despontando no mapa como uma das nações mais inovadores do mundo. Mesmo constantemente em estado de guerra, o país de 9 milhões de habitantes tem mais startups que a Índia, o Japão e o Reino Unido. A concentração de startups em Israel é a segunda maior, ficando atrás apenas do Vale do Silício, nos Estados Unidos. E os israelenses têm mais unicórnios per capita do que qualquer outro país do planeta.

Mas, ao contrário do que se poderia pensar, Israel não está apenas apostando em fintechs. O país também está se tornando um centro de inovação em outros setores, dentre eles a tecnologia jurídica. Em 2018, Tel Aviv sediou seu primeiro Legal Hackathon. Hoje, cerca de 40 legaltechs estão operando em solo israelense, entre elas a LawGeex, que recentemente arrecadou US$12 milhões em rodada de investimentos.

O panorama de advogados em Israel

Atualmente, mais de 60 mil advogados israelenses buscam espaço em um mercado altamente concorrido. Apesar de Israel ter a fama de ser um país inovador, a maioria dos profissionais adota o modelo tradicional de advocacia. Para muitos, aliás, as novas tecnologias não são confiáveis ou, na pior das hipóteses, são muito arriscadas. Para os empreendedores israelenses, falta a esses mais “Chutzpah” (audácia, em iídiche).

Uma crescente minoria, por outro lado, está enxergando a tecnologia como solução para sobreviver no mercado. Enquanto alguns profissionais estão usando softwares para aprimorar a gestão do escritório, outros figuram como cofundadores de startups para oferecer soluções tecnológicas ao mercado. As legaltechs israelenses “atacam” principalmente o modelo B2B, mas o B2C representa hoje 40% do mercado.

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Mercado pequeno para causar impacto

Israel está ciente de que o mercado jurídico é muito pequeno para causar um grande impacto. Conforme Or Bakai, chefe da plataforma de tecnologia jurídica Tech & Law, os empreendedores enxergam o país como um campo de testes. A ideia é provar os conceitos de seus produtos antes de comercializá-los internacionalmente. Não à toa, aliás, as startups estão procurando investidores internacionais para expandir o quanto antes.

Embora esteja se tornando um centro de inovação em tecnologia jurídica, Israel enfrenta, portanto, tanto problemas culturais (a maioria dos advogados israelenses não é adepto das novas tecnologias) quanto problemas relacionados ao próprio mercado (o país tem pouco mais de 60 mil advogados, enquanto o Brasil tem mais de 1,2 milhões). Mas, ainda assim, os israelenses estão utilizando todos os obstáculos a seu favor.

Entre as categorias de legaltechs israelenses estão a análise jurídica, a resoluções de conflitos online e a automação de contratos. De acordo com Or Bakai, o cenário tecnológico jurídico ainda é jovem, mas os milhares de empreendedores atualmente enraizados no país, com seus muitos anos de experiências combinados, têm potencial para transformar o cenário jurídico nos próximos anos. Como conclui Or Bakai,

Não demorou muito para que o cenário jurídico israelense se tornasse uma força a ser reconhecida no mercado global. A única questão é quem vai pegar essa oportunidade crescente e fazer uso inteligente dela.


Continue explorando o assunto

BORIS, Mikkel. LawGeex: AI and legal tech in Silicon Valley of the Middle East. Legal Tech Weekly, Copenhagen, 8 mar 2019.

BAKAI, OR. Legal tech Israel: a rising star in the global legal tech scene. Legal Business World, Haia, 17 abr 2019.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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