Mercado de tecnologia jurídica avança na Ásia

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A Ásia é conhecida por abrigar algumas das empresas de tecnologia mais inovadoras do mundo, como Alibaba e Tencent, mas somente decidiu investir em tecnologia jurídica nos últimos anos. Embora o mercado de tecnologia jurídica ainda esteja “engatinhando” no continente asiático, algumas iniciativas já estão colhendo os primeiros frutos. Quatro países serão objeto de destaque: Singapura, Índia, Japão e Mongólia.

O mercado de tecnologia jurídica em Singapura

Em junho de 2019, foi fundada em Singapura a primeira aceleradora de startups focada em tecnologia jurídica. A iniciativa, batizada de Global Legal Innovation and Digital Entrepreneurship (GLIDE), integra um programa governamental denominado Future Law Innovation Program (FLIP). Em suma, até o momento a GLIDE selecionou sete startups jurídicas para iniciar o processo de aceleração.

A cidade-estado sediou, também em 2019, a Asia-Pacific Legal Innovation and Technology Association (ALITA). A associação sem fins lucrativos, formada por mais de dez países, busca promover a criação de tecnologias jurídicas e aconselhar startups e empresas. Além disso, o objetivo é estabelecer conexões entre empreendedores, escritórios de advocacia e departamentos jurídicos da região da Ásia-Pacífico.

A experiência na Índia

O escritório de advocacia indiano Cyril Amarchand Mangaldas lançou a Prarambh, a primeira incubadora de startups de tecnologia jurídica do país. A empresa realizou um processo para selecionar as legaltechs mais inovadoras, selecionando, ao final, apenas três dentre 51 concorrentes. Em resumo, a primeira selecionada foi a JRTC Intern, uma plataforma que conecta estudantes de Direito a oportunidades de estágio.

A segunda startup escolhida foi a Leegality, uma legaltech que ajuda empresas a digitalizar e automatizar a assinatura de documentos. Já em terceiro lugar foi selecionada a LegalMind, uma plataforma que utiliza inteligência artificial para pesquisa e gerenciamento de arquivos jurídicos. As três startups agora estão sendo incubadas pela Prarambh, em Nova Déli, onde obterão orientações de especialistas durante seis meses.

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Os primeiros passos do Japão rumo ao Direito 4.0

O Japão também deu seus primeiros passos rumo ao Direito 4.0. Um dos maiores escritórios de advocacia japoneses, o Nagashima Ohno & Tsunematsu, formou recentemente uma aliança com a startup jurídica MNTSQ Ltd. Em síntese, os planos do escritório envolvem investir nada menos que US$ 7 milhões na MNTSQ Ltd. nos próximos anos, para que a legaltech possa desenvolver suas soluções de machine learning.

O país ainda sediou no ano passado, em Tóquio, o Japan LawTech SOAR: Embracing Society 5.0. O evento, organizado pela LexisNexis e pelo LegalTechJapan, reuniu programadores e empreendedores para criar soluções tecnológicas ao setor jurídico. Ainda que se fale muito em Revolução 4.0, o governo japonês adota o conceito de Sociedade 5.0, que envolve saber lidar com a tecnologia mantendo a liberdade e o bem-estar.

Mongólia aposta no mercado de tecnologia jurídica

Mesmo sem costa marítima e com com uma das menores densidades populacionais do mundo, a Mongólia está apostando no mercado de tecnologia jurídica. Em novembro de 2019, aliás, o escritório de advocacia MDS KhanLex lançou a primeira plataforma de tecnologia jurídica da nação. Intitulado iGeree, o sistema oferece automação de contratos e aconselhamento jurídico virtual, por meio de chatbots.

A plataforma se mantém por meio de pagamento recorrente (assinatura). Os clientes podem utilizar o serviço de automação de contratos. Já o serviço de chatbots é uma estratégia do escritório de advocacia mongol para aumentar o alcance da iGeere: o recurso pode ser acessado, sem custo, por qualquer pessoa. O modelo de negócios tem surtido efeito até agora, mas os planos da MDS KhanLex não param por aí.

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O MDS KhanLex lançou a primeira plataforma de tecnologia jurídica da nação

Enfim, o escritório de advocacia planeja construir, em parceria com a startup CodeLex, um instituto dedicado à pesquisa jurídica. Atualmente, é difícil encontrar bons programadores e cientistas da computação na Mongólia. O instituto terá como objetivo principal solucionar a falta de especialistas em tecnologia jurídica. Resolver esse problema, aliás, está no topo das prioridades do escritório de advocacia mongol.


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READY, Frank. Asian markets are making headway with legal tech startups. Law, Nova York, 6 fev 2020.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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