Será o metaverso o próximo nível de interação entre advogados e clientes?
Em dezembro de 2020, alguns meses após o início da pandemia, escrevi um artigo neste site antecipando que o futuro da prática jurídica não seria nem físico nem digital, mas híbrido. Em janeiro de 2022, reforcei o posicionamento com o texto Advocacia pós-pandemia: o modelo híbrido de trabalho veio para ficar.
Nas ocasiões, sustentei que os profissionais do Direito reuniriam o melhor dos mundos. Ou seja, tudo o que funcionou antes da pandemia e tudo o que estava funcionando durante o fenômeno, para oferecer serviços cada vez melhores, tanto aos clientes quanto aos jurisdicionados (no caso do Poder Judiciário).
Hoje, mesmo com o rebranding do Facebook para Meta e toda a procura dos profissionais da área jurídica pelo metaverso, não vislumbro um futuro no qual trocaremos por completo as experiências físicas pelas imersões virtuais. Acredito que ambas as dimensões coexistirão hoje e sempre.
Tédio e desânimo nas videoconferências
Dito isso, penso que, na esfera das experiências virtuais, são necessários ajustes. A realidade é que as pessoas estão cansadas das dinâmicas oferecidas pelos sistemas de videoconferência, como Zoom e Teams. Presencio, aliás, essa sensação semanalmente participando de cursos e palestras online.
Seja como ministrante, seja como ouvinte, “sinto” o cansaço dos participantes. Na grande maioria das ocasiões, à exceção do ministrante, os demais integrantes permanecem com suas câmeras desligadas. Esse, em suma, é o comportamento predominante hoje, passados mais de dois anos de pandemia.
Na prática, as pessoas acessam o ambiente de aprendizagem, desligam suas câmeras e executam outras tarefas de forma simultânea, como lavar a louça, cozinhar ou organizar a casa. Para quem tem facilidade em se concentrar em mais de uma atividade ao mesmo tempo, ótimo, mas não parece ser a regra.
O próximo nível da interação entre advogados e clientes
É nesse contexto, em suma, que o metaverso se apresenta como alternativa ao tédio das videochamadas. Escritórios de advocacia estão apostando na construção de ambientes virtuais e experiências imersivas, na expectativa de melhorar as interações com clientes recorrentes e em potencial (leads).
O AG Immigration, um escritório de advocacia imigratória com sede em Washington, DC, nos EUA, é um deles. Só para ilustrar: a banca se instalou no AltspaceVR, plataforma da Microsoft, para promover eventos ao vivo e reuniões com clientes e colaboradores. Conforme o fundador do escritório,
Quando você está em uma grande chamada de Zoom, nem sempre pode ver todos nos quadrados [na tela]. Com o metaverso, você realmente sente que está na mesma sala com os outros participantes. – Filipe Alexandre (fundador do AG Immigration)
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Novas experiências virtuais aos clientes
Com clientes em mais de 30 países, a AG Immigration enxerga as novas experiências virtuais como um diferencial aos seus clientes. De acordo com Filipe, o escritório do metaverso está gerando interesse de consumidores em vários dos maiores mercados da empresa, e a tendência é crescer mais.
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Para minha surpresa [inicial], isso está muito quente no Brasil e na China. É um movimento crescente. É emocionante estar lá nesta fase do jogo. Atrai nossos clientes, muitos dos quais são engenheiros, técnicos, atletas ou outros com experiência profissional que podem contribuir para a economia dos EUA. – Filipe Alexandre (fundador do AG Immigration)
O CEO Rodrigo Costa acrescenta que a maior parte dos atendimentos da banca são à distância, com o cliente em seu país de origem. Com o metaverso, em síntese, em vez de realizar videochamadas, o escritório oferece uma experiência “muito mais imersiva, possibilitando uma abordagem mais afetiva”.
No Brasil, escritórios como Viseu Advogados, Kupper Advocacia e SLAP LAW já contam com ambientes virtuais para atender clientes e colaboradores. As iniciativas não almejam substituir o atendimento físico, mas oferecem uma alternativa atrativa ao tédio das reuniões por videoconferência.
Eis o próximo nível de interação entre advogados e clientes.
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