O advogado 4.0 deve enxergar o mundo com abundância (e não com escassez)

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O advogado 4.0 deve enxergar o mundo com abundância (e não com escassez). Neste texto explico o porquê.

Estamos vivendo um momento extraordinário. O progresso científico-tecnológico está aprimorando as atividades humanos em uma série de domínios. Nossa geração está herdando mais oportunidades de transformar o mundo do que qualquer outra. Há quem acredite que esta é a melhor época para se viver. E há, é claro, quem acredite que nada está bom. Alguns profissionais do Direito que o digam.

Mas o que leva algumas pessoas a pensar de modo tão negativo? O que leva alguns profissionais a acreditar que nada está bom? A resposta não é tão simples quanto parece, pois reflete, muitas vezes, a história pessoal de cada um. Em síntese, as dificuldades pelas quais passamos, as angústias que vivenciamos, os sonhos que não concretizamos podem nos levar a pensar de forma negativa.

É inegável que também somos influenciados, em maior ou menos grau, pela mídia. Os meios midiáticos de comunicação nos alimentam com histórias negativas que nos levam a acreditar que o mundo não está nada bem. A decisão da mídia em agir desse modo não é, contudo, por acaso. Existe uma boa razão para isso: é para estas notícias que nossas mentes direcionam sua atenção.

Amígdala, o nosso primeiro sensor de perigo

No mundo hiperacelerado, dinâmico e complexo que estamos vivendo, nossos sentidos recebem mais informações do que somos capazes de processar com nossas mentes. E como para nós, seres humanos, nada é mais importante que sobreviver, a primeira parada de toda essa informação é uma antiga parte do lobo temporal, a amígdala – que não se confunde com as amígdalas no interior da boca.

A amígdala é o nosso primeiro sensor de perigo. É o nosso detector de alerta. Com uma pequena estrutura em forma de amêndoa, ela é responsável por examinar e classificar todo tipo de informação captada por nossos sentidos, à procura de algo no meio ambiente que possa nos ferir. É ela, portanto, que nos leva a prestar 100 vezes mais atenção em notícias negativas do que em positivas.

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Sem dúvida, não é fácil ser otimista quando a arquitetura de filtragem de nossos cérebros é estruturalmente pessimista. Não é fácil ser otimista quando nossos instintos de sobrevivência nos fazem acreditar que estamos no fundo do fosso; quando as informações à nossa volta limitam nosso desejo de sair do fosso por acreditar ser fundo demais. Enfim, quando as boas notícias são abafadas pela mídia.

Como enxergar pontos positivos em um oceano de más notícias?

A incapacidade de enxergar pontos positivos nesse oceano de más notícias é, provavelmente, o maior obstáculo rumo à melhoria global. O ceticismo que domina muitas mentes contamina aqueles que pensam positivamente. E isso não precisa ser assim. A verdade é que existem diversos elementos aptos a demonstrar que estamos vivendo um mundo de abundância – e não de escassez.

Muitas vezes, a bolha em que nos fechamos nas redes sociais nos contamina com notícias negativas. Esses conteúdos em nada nos somam. Aliás, com frequência servem apenas para que questionemos nossas capacidades. Talvez o que esteja faltando para os pessimistas – profissionais do Direito ou não – são dados concretos de como o mundo de hoje é melhor do que o mundo de ontem.

O objetivo do texto de hoje é apresentar dados concretos que revelam o que poucos querem enxergar: o mundo é muito melhor do que imaginamos. Se este post chegar até aqueles que se consideram pessimistas em relação ao mundo e, também, em relação ao Direito, terei cumprido a minha missão. E, para dar as boas notícias, nada melhor do que apresentar as evidências do mundo abundante.

Evidências da abundância

Peter Diamandis é, seguramente, um dos profissionais responsáveis por divulgar o conceito de abundância em todo o mundo. Em seus livros, artigos e palestras, o futurista demonstra que o mundo não está piorando. Para ele, nunca houve melhor período para viver do que hoje. E sua convicção é reforçada por um conjunto de gráficos que formam aquilo que denomina “evidências da abundância”.

Vamos, então, a eles:

1. Abundância na economia global

A humanidade nunca foi tão próspera. O PIB mundial disparou 100 vezes nos últimos 200 anos. A produção econômica por pessoa aumentou nos últimos 2.000 anos. Como revela o gráfico a seguir, há um crescimento exponencial da economia independentemente da guerra, da fome ou da doença, sem sinais de desaceleração. Em suma, grande parte do crescimento se deve às novas tecnologias:

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2. Abundância na saúde

Há 100 anos, uma criança nascida na Índia viveria, em média, até os 23 anos de idade. Hoje a expectativa de vida na Índia simplesmente triplicou. Além disso, as taxas de mortalidade caíram significativamente nos últimos 300 anos. Só para ilustrar, o gráfico a seguir demonstra a expectativa de vida em vários países. Os números demonstram que estamos vivendo uma era de abundância:

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3. Abundância no meio ambiente

Em 1987, 150 países assinaram o Protocolo de Montreal para evitar o esgotamento da camada de ozônio. Sem o acordo, estima-se que o planeta ficaria 4 graus mais quente até 2050. O protocolo preveniu, conforme estimativas, 280 milhões de casos de câncer de pele e 45 milhões de casos de cataratas. Além disso, a taxa de mortalidade anual global por catástrofes naturais despencou no último século:

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4. Abundância na energia

Mesmo com o crescimento populacional, o número absoluto de pessoas sem acesso à eletricidade está caindo. A índia, com apenas 45% de acesso à eletricidade em 1990, passou para quase 80% em 2014. Já o Afeganistão passou de 0,16% em 2000 para 89,5% em 2014. Só para ilustrar, o gráfico a seguir revela que nunca como hoje as pessoas tiveram tanto acesso à eletricidade:

5. Abundância na alimentação

A humanidade está evoluindo no domínio da escassez de alimentos e da fome, ainda que muitas notícias revelam o contrário. Muitas pessoas ainda passam fome, mas é inegável o progresso humano no campo da alimentação. Como se pode observar no gráfico a seguir, 18,6% da população mundial estava subnutrida em 1991. No entanto, esse patamar caiu para 10,8% em 2015:

O mundo está muito melhor do que imaginamos

Os gráficos evidenciam que o mundo está longe da perfeição, mas está muito melhor do que imaginamos. O impacto das tecnologias exponenciais e a mentalidade de abundância estão contribuindo para aprimorar cada um dos cinco campos apresentados. Ou seja, ainda que a amígdala seja importante para nossa sobrevivência, não podemos permitir que ela direcione nossa atenção à negatividade.

Em síntese, não podemos deixá-la distorcer nossas perspectivas sobre o futuro. Somos capazes de muito mais. Por que não enxergar problemas como oportunidades? Por que não ver desafios como aprendizados? Se este é realmente o momento mais emocionante para estar vivo, o futuro, sem dúvida, será ainda mais emocionante do que o presente. E o mesmo vale para o campo do Direito.

O Brasil tem hoje mais de 200 lawtechs legaltechs que oferecem soluções tecnológicas ao mercado jurídico. Os profissionais da advocacia têm hoje tanto oportunidades de criar uma startup para solucionar problemas jurídicos – e serem bem remunerador por isso –, quanto de aproveitar as soluções já existentes para aprimorar seus serviços jurídicos – e também serem bem remunerados por isso.

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Sem dúvida, a concorrência é alta na advocacia. Ninguém está negando isso. Os dados demonstram que a OAB tem mais de 1,2 milhões de profissionais inscritos em seus quadros e, ao que tudo indica, chegaremos a 2 milhões de advogados até 2032. Mas você pode encarar esse número de duas formas: como oportunidade (paradigma da abundância) ou como ameaça (paradigma da escassez).

Convido você, leitor, a adotar a primeira mentalidade. Tenho a convicção de que, ao enxergar o mundo como algo abundante – e passar a incorporar a perspectiva em seus comportamentos –, você estará mais preparado para o mercado jurídico do futuro. Enfim, você vislumbrará oportunidades em momentos e locais nos quais profissionais despreparados jamais seriam capazes de enxergar.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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