O futuro dos cientistas de dados jurídicos

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Continuo a série de textos sobre carreiras jurídicas, com objetivo de oferecer a estudantes e profissionais uma visão ampla sobre o mercado. No artigo anterior, analisei detalhes da carreira de cientistas de dados jurídicos (ou cientistas de dados com atuação na área jurídica). Hoje prossigo com o tema, a partir de conversas com dois profissionais:

Quanto ganham os cientistas de dados jurídicos?

Um cientista de dados júnior ganha, em síntese, entre R$ 4.000,00 e R$ 7.00,00. Já um cientista de dados pleno (com dois a três anos de experiência), pode receber entre R$ 7.000,00 e R$ 10.000,00. Um cientista de dados sênior (com cinco a seis anos de experiência, e um mestrado na área), só para ilustrar, recebe entre R$ 10.000,00 e R$ 15.000,00.

Sendo Head, Chief ou Analytics Manager, a remuneração do cientista de dados jurídicos pode subir para R$ 15.000,00 até R$ 25.000,00. A promoção depende, entre outros fatores, do background e do conhecimento de ferramentas específicas. Todos esses valores são, no entanto, meras estimativas, e podem variar conforme a empresa:

A faixa vai variar muito do tamanho e natureza de operação da empresa. Atualmente Cientista de dados com amplo conhecimento em IA em Cloud, MLOps e Big Data terão mais chances de obter os melhores salários nas melhores empresas. – Emerson Bertolo

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O que você precisa saber sobre os cientistas de dados jurídicos

Principais gargalos e desafios da profissão

Um dos principais desafios da profissão, conforme Emerson Bertolo, diz respeito à quantidade reduzida de papers de Data Science e Machine Learning focados em dados jurídicos brasileiros. A escassez de pesquisas aprofundadas em algoritmos para a língua portuguesa vem em segundo lugar. Há, além disso, problemas relacionados à infraestrutura:

O grande desafio é que na grande maioria das empresas o cientista de dados vai encontrar uma infra que não foi pensada para suportar a pesquisa e desenvolvimento de algoritmos de Machine Learning. Poucas empresas possuem um pipeline produtivo de modelos de inteligência artificial realmente adaptados às necessidades do negócio. – Emerson Bertolo

Sofia Marshallowitz refere que a indisponibilidade dos dados é um dos principais gargalos. Em suma, muitas empresas contratam cientistas de dados sem possuírem uma cultura interna de dados. Tal aspecto repercute no tempo exigido para coleta, exploração e modelagem dos dados. O alinhamento de expectativas é também um desafio:

Muitas vezes a requisição que vem é um simples “descubra” e, após o trabalho de exploração de dados, o solicitante fica frustrado porque o resultado não é compatível com a dúvida que ele tinha, sendo que a dúvida sequer foi dita. Também, às vezes, algumas análises levam para um resultado negativo, que não era o desejado, e isso é visto como um fracasso. – Sofia Marshallowitz

O futuro dos cientistas de dados jurídicos

Perguntei ao Emerson Bertono e à Sofia Marshallowitz o futuro que imaginam para a profissão. Sofia acredita que os cientistas de dados jurídicos serão cada vez mais demandados por escritórios de advocacia e departamentos jurídicos. Ela também sonha com uma disciplina de Ciência de Dados, ainda que seja optativa, nas faculdades de Direito.

Já Emerson destaca que o mercado será repleto de oportunidades aos cientistas de dados, sobretudo se considerarmos que a inteligência artificial “não é mais uma questão do futuro”, mas “uma questão do presente”. Conforme ele, o futuro será desafiador e, ao mesmo tempo, promissor aos cientistas de dados, que desempenharão diversas funções:

Existe oportunidades para todos, seja automatizando processos respetivos, seja criando analisadores de teses simples e massivas, seja extraindo dados de milhões de processos de uma maneira que seria impossível para humanos ou quem sabe levando o exercício do Direito para pessoas que hoje estão totalmente à margem de sua cidadania. – Emerson Bertolo

Mais conteúdos sobre carreiras jurídicas

Espero que você tenha aprendido com essa série de textos sobre os cientistas de dados jurídicos. Pretendo escrever mais artigos sobre carreiras jurídicas, com o objetivo de compartilhar perspectivas de profissionais brasileiros e apresentar as oportunidades do mercado jurídico. Se você gostou deste conteúdo, divulgue com mais profissionais!


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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