Os escritórios de advocacia do futuro serão desmaterializados?

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O ano de 2020 transformou o trabalho dos advogados, fomentando incertezas sobre o futuro dos escritórios de advocacia. Há quem pense que o trabalho se manterá físico depois da pandemia. Há quem julgue que será digital. E há também quem acredite no modelo híbrido. Mas agora há uma quarta opção em jogo: os chamados escritórios desmaterializados.

E o que são os escritórios desmaterializados? Antes de compreendê-los, preciso conduzir você, leitor(a), através do conceito de colaboração holográfica.

Colaboração holográfica

Em 2018, a startup Spatial lançou uma plataforma de colaboração holográfica, com objetivo de aprimorar a experiência de trabalho entre as equipes. O sistema usa o espaço ao redor para criar um local de trabalho tridimensional, permitindo que usuários, mesmo distantes, compartilhem conteúdos como se estivessem na mesma sala.

A solução criada pela Spatial transforma, em resumo, qualquer ambiente físico em um espaço de trabalho virtual, adicionando elementos visuais à realidade. Os membros da equipe de trabalho criam seu avatar, inserem alguns dados e, depois, com um headset de realidade aumentada, se transportam virtualmente para o ambiente criado.

A plataforma de colaboração holográfica da Spatial

Embora muitos não tenham percebido o potencial do sistema à época do lançamento, o mesmo não se pode dizer de 2020. A startup teve um crescimento de 1.000% desde o início da pandemia! Profissionais de diversas áreas, incluindo a jurídica, passaram a usar a plataforma de colaboração holográfica para aprimorar seus fluxos de trabalho.

Na plataforma, aliás, os usuários podem: importar fotos e documentos de seus smartphones; conversar e interagir em tempo real; disponibilizar resultados de pesquisa da Internet; e integrar objetos 3D nas reuniões. O sistema é compatível com os headsets HoloLens, Magic Leap e Oculus Quest, e com os sistemas operacionais iOS e Android.

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Realidade estendida

Em recente artigo publicado na Forbes, Bernard Marr afirmou que a realidade estendida (RE) – que abrange a realidade virtual, aumentada e mista – será uma das tendências mais transformadas dos próximos cinco anos. Seremos capazes de desfrutar da RE como um serviço em nuvem, tal e qual consumimos músicas e filmes hoje.

De acordo com o futurista, a inteligência artificial (IA) desempenhará um papel fundamental no processo. Ao ser combinada com a RE, em sum, a IA permitirá aprimorar ainda mais os fluxos de trabalho. Bernard Marr imagina soluções ainda mais avançadas que aquelas oferecidas pela Spatial, permitindo a criação de escritórios desmaterializados.

Escritório desmaterializados

A maior parte das tecnologias de realidade estendida disponíveis no mercado estimula dois de nossos sentidos: visão e audição. Mas a tendência é que mais sentidos sejam incorporados nas experiências, tornando-as cada vez mais imersivas. A gigante da comunicação Ericsson batizou esse campo de Internet of Senses (Internet dos Sentidos).

À medida que a Internet dos Sentidos se desenvolve, seremos capazes de ingressar em ambientes digitais que se assemelham a ambientes físicos. Todos os nossos sentidos serão estimulados. E tais combinações vão originar o que o futurista Bernard Marr chama de “escritórios desmaterializados” – ambientes de trabalho totalmente interativos e colaborativos.

Conforme Marr, seremos capazes de criar ambientes de trabalho de qualquer lugar do mundo, simplesmente colocando um headset e manuseando nossos smartphones. Independentemente da área de atuação, todos poderão usar tais recursos. Será que o futuro imaginado por ele está mesmo distante de acontecer? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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