Lifelong learning: por que o advogado NUNCA deve parar de estudar?

Compartilhe este conteúdo

Você já leu a respeito ou ouviu falar de lifelong learning? Caso não tenha, peço que você se sente confortavelmente na cadeira ou fique o mais confortável possível para ler este texto até final. A lição poderá impactar sua vida para melhor – como impactou a minha.

Mundo acelerado, olhar fixado no passado

Vivemos em uma era volátil, complexa e acelerada. Embora a trajetória humana sempre tenha sido turbulenta, nunca a escala e o valor das mudanças foram tão expressivas como agora. A maioria das transformações da história aconteceu nos últimos duzentos anos e, em especial, nas últimas décadas. As novas tecnologias estão transformando a forma de pensar, trabalhar e nos relacionar.

Enquanto o mundo não para de acelerar, os procedimentos consolidados nos negócios, nos governos e na educação continuam sendo pautados por padrões antigos de pensamento. O olhar – teimosamente – está fixado no passado. Aliás, essa visão ancestral de mundo é perceptível nos sistemas de educação em massa de todo o mundo, os quais acabam afetando as futuras gerações.

O educador britânico Ken Robinson destaca que os sistemas educacionais não foram projetados para atender às demandas atuais, mas concebidos para satisfazer as necessidades de uma era que já passou. De acordo com o educador, os sistemas padronizados, mecanizados e lineares de antigamente não fazem mais sentido na era volátil, complexa e acelerada que estamos vivendo.

O mundo atual está exigindo uma releitura dos processos de aprendizagem. Para atingir nosso pleno potencial, precisamos romper com as amarras das convenções e passar a compreender a aprendizagem como um projeto a longo prazo. Não devemos enxergar a aprendizagem como uma tarefa que exige um determinado número de anos, mas sim entender que ela, na verdade, não tem data para acabar.

Lifelong learning

O lifelong learning – aprendizagem ao longo da vida, em tradução livre – se tornou um imperativo da Nova Economia. O termo nos remete à busca contínua, voluntária e automotivada pelo conhecimento. O lifelong learning é, portanto, o aprendizado perseguido durante toda a vida, que não se limita à escola tradicional. O lifelong learner é o eterno aprendiz, em busca de aprendizados e experiências.

Quanto mais o profissional aprende ao longo da vida, mais ele será capaz de se adaptar às mudanças dos novos tempos, que exigem pensamento crítico, flexibilidade e capacidade de improvisação em situações inusitadas. Adotar o lifelong learning como estilo de vida é se qualificar permanentemente, abrir a mente para novas possibilidades e estabelecer novas conexões (o possível adjacente).

O lifelong learning vem se tornando fundamental para o sucesso dos empreendedores da Nova Economia. Só para ilustrar: uma pesquisa conduzida pela Manpower revelou que 93% dos millennials estão dispostos a investir suas economias em treinamentos e cursos complementares durante suas carreiras. Quem diria: logo os millennials, tachados – equivocadamente – de preguiçosos e entediados!

Não há desculpa para deixar de aprender

Hoje não há mais desculpas para deixar de aprender todos os dias, principalmente o advogado. Os chamados MOOCs (Massive Open Online Courses), plataformas abertas para qualquer pessoa com conexão à Internet, disponibilizam milhares de cursos em todo o mundo. O conhecimento, que antes era restrito às universidades, hoje está disponível a todos – ao alcance de um clique.

Os MOOCs estão se expandindo cada vez mais e devem receber uma versão aprimorada até 2030. A previsão, aliás, é de Thomas Frey, para quem as plataformas terão instrutores tanto humanos quanto robôs. Conforme o futurista, na próxima década teremos robôs inteligentes o bastante para personalizar os planos de aula para cada aluno, de acordo com as necessidades individuais.

Além das plataformas abertas de cursos, o profissional da advocacia tem diversas opções para se manter atualizado. Portais de conteúdo especializado, comissões de estudos, grupos de pesquisas, fóruns de debate, eventos de inovação, empreendedorismo e tecnologia, meetups… enfim, as opções são inúmeras. Logo, repito: não há mais desculpa para deixar de aprender todos os dias!

Leia também:

Advocacia 4.0: o advogado deve mudar o que faz, mas primeiro deve mudar a forma de pensar

Lifelong learning e pensamento crítico

O especialista em educação Tony Wagner dedicou grande parte de sua carreira entrevistando líderes do setor educacional. Após conversar com diversos especialistas, Wagner elencou o pensamento crítico como uma das habilidades mais importantes para sobreviver no mercado de trabalho do futuro. Conforme o especialista, a base do pensamento crítico é fazer perguntas – principalmente boas perguntas.

O problema é que as escolas ensinam os alunos a responder perguntas, não a formulá-las. Na grande maioria dos cursos de Direito do país, o estudante não é estimulado a formular os questionamentos, mas somente a responder os problemas jurídicos propostos pelos professores. Assim, ao concluir o curso, o aluno inicia no mercado sem ter desenvolvido o pensamento crítico durante a faculdade.

De acordo com o educador Ken Robinson, as perguntas que fazemos são mais importantes do que as respostas que procuramos. Para ele, antes de resolvermos qualquer problema devemos questionar criticamente suas causas e seus motivos. Toda indagação conduz a linhas específicas de busca. Sendo assim, ao mudarmos as perguntas, um horizonte completamente novo se abre à nossa frente.

O conhecimento é amplo, e a sede deve ser incansável

O pensamento crítico e a resolução de problemas são muito poderosos quando combinados. E, quanto mais estuda, mais o advogado desenvolve esse importante conjunto de habilidades. Aliás, nunca é demais lembrar que o advogado 4.0 deve reconhecer que tem limitações; que existem áreas as quais desconhece; e que não possui as respostas para todos os problemas.

Em síntese, o conhecimento é amplo, como ilustra a imagem a seguir:

lifelong learning 01

No entanto, ainda que tenha limitações; ainda que existam áreas as quais desconheça; e ainda que não tenha as soluções para todos os problemas, todo advogado desfruta de poderes mentais que o tornam capaz de oferecer serviços jurídicos de excelência. E o estudo continuado, somado à sede incansável pelo conhecimento, são elementos essenciais que o ajudarão a dar saltos exponenciais na escada do sucesso.

É… a imagem que ilustra este texto não foi escolhida à toa.

Portanto, advogado(a): nunca – nunca mesmo – pare de estudar!

Lifelong learning for life.


Continue explorando o assunto

DINIZ, Ana Maria. Lifelong learning: aprendizado ao longo da vida. Estadão, São Paulo, 26 jan 2017.

ROBINSON, Ken. Libertando o poder criativo: a chave para o crescimento pessoal e das organizações. São Paulo: HSM Editora, 2013.


Quer estar por dentro de tudo que envolve Direito, inovação e novas tecnologias?

Siga-me no Facebook, Instagram e LinkedIn e acompanhe conteúdos diários para se manter atualizado.

Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Rolar para cima
× Como posso te ajudar?