Nem físicos nem digitais: escritórios de advocacia do futuro serão híbridos

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Os escritórios de advocacia do futuro não serão físicos nem digitais, mas híbridos. Escrevo este texto para compartilhar os motivos que me levam a acreditar neste formato, às vésperas de encerrar mais um ciclo. As transformações na rotina dos advogados já são perceptíveis e, mesmo que a crise termine amanhã, muito do que foi construído deve perdurar.

Sim, a pandemia vai passar, mas as mudanças na forma de trabalhar e a adoção de tecnologias no ambiente de trabalho terão efeitos duradouros. O ano de 2020 ficará para história, seja pelos obstáculos que trouxe consigo, seja pelas lições que segue nos ensinando. As dificuldades foram (e continuam sendo) muitas. Mas os aprendizados também.

O mundo (do Direito) será como era antigamente?

Pare e reflita comigo, leitor(a), em todos os aprendizados de 2020. Pense brevemente nos principais acontecimentos de sua vida pessoal e profissional desde março deste ano. Será que, terminada a crise, tudo será como era antes? O campo do Direito será como sempre foi? Quando a pandemia cessar seus efeitos, o mundo será como era antigamente?

Acredito que não. Na minha ótica, é equivocado supor que todo o aprendizado que tivemos durante a pandemia de nada sirva. Não há como pensar que simplesmente esqueceremos tudo que aprendemos; que nossas incontáveis reuniões no ambiente virtual com clientes, parceiros e colaboradores não tenham nos ensinado a trabalhar melhor.

As mudanças forjadas e aceleradas pela pandemia serão perenes. Algumas delas, é claro, serão negativas. Mas tantas outras serão positivas e contribuirão para que sejamos profissionais melhores que ontem. É por este motivo, aliás, que acredito que os escritórios de advocacia do futuro não serão exclusivamente físicos nem digitais, mas híbridos.

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As transformações na rotina dos advogados já são perceptíveis

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Escritórios de advocacia do futuro

E por quê? Porque os advogados estão aprendendo que não é necessário estar num escritório físico, na companhia de outras pessoas, para trabalhar com eficiência. Se você sugerisse tal possibilidade em tempos pré-pandêmicos, você provavelmente ficaria em maus lençóis no ambiente de trabalho, sendo visto com maus olhos por colegas e colaboradores.

Foi necessária uma pandemia surgir para mostrar que podemos ser produtivos em ambiente virtual e que não há nada de errado nesse formato. Essa mesma lição talvez nos fosse ensinada algum dia, num futuro não tão próximo, mas não em 2020. Mas agora, como a aprendemos, não há como supor que escritórios voltarão a ser exclusivamente físicos.

Alguns advogados já afirmaram que jamais voltarão a trabalhar em ambiente físico. Penso que não é necessário tanto. No futuro, ambos os modelos coexistirão. No momento em que este texto está sendo escrito, profissionais estão experimentando novos produtos, serviços e modelos de trabalho, para solucionar as dores – atuais e futuras – de seus clientes.

Parece-me claro que os advogados vão aproveitar tudo o que funcionou e vem funcionando no ambiente digital para, uma vez encerrada a pandemia, incorporar tais aprendizados em suas rotinas profissionais. Na minha convicção, os profissionais da advocacia vão aproveitar o melhor dos dois mundos para, desse modo, se tornarem profissionais cada vez melhores.

Por tais motivos, acredito que os escritórios de advocacia do futuro não serão exclusivamente físicos nem digitais, mas híbridos. Posso estar equivocado em relação ao ponto, mas, aí, somente o tempo dirá. Não deixe de compartilhar comigo seu olhar a respeito do tema.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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