Uso de drones com reconhecimento facial preocupa especialistas

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A startup AnyVision está desenvolvendo uma tecnologia que combina drones com reconhecimento facial. O sistema projetado pela israelense permite que drones capturem fotos de pessoas nas ruas e se reposicionem para fotografar novamente, quando as imagens não forem suficientes para identificar os “alvos”. A startup já protocolou um pedido de patente.

Como funciona o sistema

O drone captura a imagem da “pessoa-alvo” e analisa o conteúdo registrado com machine learning. Os algoritmos permitem ao drone, em suma, classificar faces individuais. Se a imagem capturada é suficiente para identificar a pessoa, a missão estará concluída. Mas, se a imagem é insuficiente, o drone ajustará seu posicionamento em relação ao “alvo”.

Para capturar imagens mais nítidas, só para ilustrar, o drone poderá voar mais baixo ou mesmo centralizar melhor o ângulo da câmera. O sistema emite uma pontuação de probabilidade a cada imagem capturada, orientando o drone a se reposicionar, se necessário. A todo momento, portanto, o sistema instrui o drone a melhorar seu ponto de vantagem.

Drones com reconhecimento facial

Conforme Avi Golan, CEO da AnyVision, o foco da startup está no desenvolvimento de oportunidades para o mercado civil. Em síntese, a tecnologia será adotada no futuro para entregar mercadorias, identificando rapidamente o comprador antes de liberar os pacotes; e também para rastrear funcionários em minas, como forma de aumentar a segurança.

Embora Golan afirme que a empresa não tem como foco o desenvolvimento de drones para fins militares, uma matéria publicada no diário Haaretz relatou que a tecnologia vem sendo utilizada pelo exército israelense em um programa de vigilância secreto, com objetivo de reconhecer rostos palestinos na Cisjordânia. A AnyVision negou, porém, os fatos.

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Situação da patente

O pedido de patente protocolado pela AnyVision está aguardando análise do United States Patent and Trademark Office (USPTO). Não há, claro, garantia de que a patente seja aprovada. Mas, na eventualidade de acontecer, é possível vislumbrar um cenário de vigilância em massa. Desse modo, aos poucos os drones controlariam todos os nossos movimentos.

Shankar Narayan, Diretor do Projeto de Tecnologia e Liberdade da American Civil Liberties Union (ACLU), sintetiza a ideia:

A premissa básica de uma sociedade livre é que você não deve estar sujeito ao rastreamento do governo sem suspeita de transgressão. […] a vigilância facial vira a premissa da liberdade de cabeça para baixo e você começa a se tornar uma sociedade onde todos são rastreados, não importa o que façam o tempo todo. – Shankar Narayan

Kade Crockford, um dos ativistas responsáveis por banir o reconhecimento facial em Massachusetts, sustenta que esse tipo de vigilância em massa “obliteraria a privacidade e o anonimato em público como os conhecemos”. Enquanto a patente não vem, a AnyVision busca, silenciosa mas agressivamente, contratos com a polícia, militares, hospitais e varejistas.


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Bernardo de Azevedo

Bernardo de Azevedo

Advogado. Doutorando em Direito (UNISINOS). Mestre em Ciências Criminais (PUCRS). Especialista em Computação Forense e Segurança da Informação (IPOG). Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade FEEVALE e da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
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